Tudo começou precisamente no dia 28 de agosto de 2005, quando eu resolvi abandonar minha sanidade mental e mergulhar no labiríntico caminho da literatura. Sem experiência, eu só tinha duas armas: vontade e imaginação. Anos depois a grande bola de nele foi crescendo, injetada por belas histórias que eu li e admiro até hoje, em especial os textos de Tolkien, C.S.Lewis e minhas memórias da infância, meu primeiro contato com o “fantástico” foi com os contos de fadas.
Comecei do zero. Sem referencias literárias. Sem
nunca escrito nada além das redações escolares. Era uma aprendiz (e ainda sou).
Eu ia aprender com meus erros. Tropeçaria várias vezes e acertaria algumas. E
quando pensei que a arte da escrita seria mais cômoda, me dei conta de que ela
era indomável e eu adorava aquilo.
Meu objetivo era escrever somente um livro de
estreia. Nada de série, apenas um romance de ficção bem redondo, mas o universo
de Lagoena foi crescendo e hoje, quase 8 anos depois, é uma trilogia, o que
vocês puderam acompanhar no site BookSérie é apenas a primeira parte dessa
grande aventura.
Rheita foi a primeira personagem que me veio à
mente, lá atrás, em 2005. Eu queria uma personagem longe do estereótipo
feminino frágil, era seria minha heroína e não teria nenhum poder sobrenatural
como os outros grandes heróis de livros de fantasia. No começo ela se
desenvolveria até a adolescência, mas durante a escrita da história, anos
depois, achei mais interessante deixá-la com seus dez anos, com o frescor da
infância como Lúcia Pevensie, a grande heroína de C.S.Lewis, a esperta e
inteligente Matilda do filme dirigido por Danny Devito, a doce Sarah Crewe do
livro A Princesinha da autora Frances Hodgson Burnett ou esquisitinha como Wednesday Addams da famosa Família Adams (sem ser masoquista).
Todas contribuíram com referências visuais ou psicológicas para a construção de
Rheita.
O avô de Rheita veio logo depois, não foi nenhuma
escolha especial, só ficava forte na minha mente o compromisso que ele tinha com
a neta, o de esconder um segredo sobre a cicatriz que a menina tinha na não
direita. Que segredo seria esse? A resposta veio algum tempo depois e proibida
para Rheita. Dordi Gornef é um homem fisicamente e mentalmente velho, além de
cansado. A duras penas consegue sustentar a neta como um joalheiro falido num
pequeno país conhecido como Reino do Vinagre. Tem uma grande amiga, a doceria
Adeliz, a única confidente do segredo de Rheita, torna-se uma figura carinhosa e
materna para a menina. Gosto de imaginar Donar Adeliz como a Sra. Esme Hoggett
personagem do filme Babe - O Porquinho Atrapalhado, interpretada por Magda
Szubanski.
A realidade nos negócios do velho joalheiro
poderia mudar quando surge a chance de contratar um ajudante para o ofício -
Kaspar, um homem estranho, silencioso, cheios de más intenções maquiadas - mas
que só Rheita parecia notar. Por trás do interesse misterioso do ajudante há
alguém maior, mais perigoso, consumido pelo veneno de uma maldição – Zhetafar.
A história ganha uma escala maior quando Rheita
descobre que os dois estão envolvidos no sumiço do seu pai, Domik, desaparecido
há 10 anos, o motivo principal era um misterioso Mapa Mágico, que num momento
de desespero de Domik, foi partido ao meio. Rheita acaba descobrindo somente a
metade dele sob o assoalho do sobrado que mora com o avô, a outra parte, ela
descobre que faltamente fora parar nas mãos do inimigo.
Durante todo esse contratempo, Rheita conhece
Kiel, o filho gago do sapateiro, que se torna seu amigo e confidente do segredo
sobre o mapa. Kiel é meu personagem favorito, é meu alter ego (sou suspeita
para falar, não é?). Não sou gaga como ele, mas transformei minha constante insegurança
nesse trauma carregado pelo garoto de 11 anos. Minha simpatia por ele é enorme,
Kiel é um amigo leal como um bom virginiano, seus atos são pensando, não
desenfreados como o de Rheita, que por vezes age por intuição (uma característica
minha também). Os dois juntos se equilibram bem. Rheita é a ignição. Kiel o
freio. Ele tem um grande crescimento durante a trama, apesar de ser um garoto
franzino, tem muita coragem escondida dentro dele. Não tive uma referência
visual para Kiel, mas recentemente descobrir um ator mirim chamado Quinn Lord
que caracterizaria o amigo de Rheita com perfeição (exceto pelos olhos, do
personagem são castanhos). A participação de Kiel é importante para que Rheita
consiga o que almeja: encontrar o pai.
Mas no meio do caminho havia de Sete Chaves.
Havia Sete Chaves no meio do caminho. A ideia para as Sete Chaves surgiu uns 2
anos depois que comecei a escrever Lagoena, antes disso tinha colocado outro
elemento provisório para dar fôlego ao processo de criação. Lendo C.S.Lewis e
Tolkien e artigos sobre eles descobri que os dois tiraram inspiração para seus
mundos do livro cristão A Bíblia Sagrada, como católicos fervorosos que eram.
Não vou ser hipócrita e dizer que li a Bíblia inteira, desde criança conheci
suas principais histórias (minha família é cristã), mas nunca cheguei investigá-la a fundo. Li alguns
trechos procurando por inspiração, a parte do Apocalipse foi crucial. A representação
do número sete: sete igrejas, sete espíritos (E do trono saíam relâmpagos, e trovões; e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete Espíritos de Deus. Cap.4;V.5; Apocalípse), sete estrelas, sete anjos, etc, trouxe-me à mente sete
objetos diferentes, por último pensei numa chave e acabei sonhando com sete
portais entre nuvens brancas, no dia seguinte eu tive uma resposta.
As Sete Chaves estão escondidas numa terra
secreta, longe dos olhos do homem comum, seus habitantes chamam-na de Lagoena.
Rheita e Kiel fogem para lá, à procura desses sete segredos, os motivos eram
tirá-las do alcance de Zhetafar e seu capanga, além de encontrar o desaparecido
pai de Rheita, que descobre mais tarde ter uma responsabilidade ainda maior:
salvar Lagoena da destruição.
Rheita e Kiel encontram várias criaturas
diferentes que estão dispostas a ajudar nessa jornada. São diversos personagens
inspirados na cultura nórdica, egípcia, grega, nas fábulas bíblicas, no nosso
folclore, além de minhas memórias da infância. Durante o trajeto deixei uma boa
dose de perigo, uma aventura sem esse precioso ingrediente não ganha fôlego.
Rheita e Kiel descobrem uma terra cheia de mistérios, sombria e fabulosa. Há
encanto, mas também há pesadelo.
Lagoena - O Portal dos Desejos levou 5 anos para ser escrito e 4 para ser publicado por uma editora, antes da história foi apresentada ao leitores como uma série virtual pelo site BookSérie, sendo postado um capítulo (episódio) por dia.
Pesquisando um pouco sobre escritores nacionais, acabei encontrando um pouco do seu processo para conseguir publicar o seu livro numa grande editora. Me senti sensibilizado e isso despertou em mim vontade de vir conhecer as histórias que você escreveu, pretendo em algum momento adquirir meu exemplar de Lagoena.
ResponderExcluirAgora me permita lhe fazer uma pergunta, de onde você tirou os nomes dos personagens? Isso realmente me deixou intrigado hahaha