"Nos contos de fadas acham-se gravadas ideias infinitamente sábias que durante séculos se recusaram a se deixar mutilar, degastar ou matar. As ideias mais persistentes e sábias estão reunidas nas teias de prata a que chamamos de contos. Desde a descoberta do fogo, os seres humanos se sentem atraídos pelos contos míticos. Por quê? Porque apontam para um fato importante: embora a alma em sua viagem possa tropeçar ou se perder, no fim ela reencontrará seu coração, sua natureza divina, sua força seu caminho para Deus em meio à floresta sombria - ainda que leve vários episódios ou "dois passos à frente e um atrás" para descobri-los e recuperá-los." - Dra. Clarissa Pinkola Estés.
Não poderia encontrar trecho melhor para introduzir um dos assuntos que me deram base para escrever LAGOENA: os contos de fadas. A citação acima foi retirada do prefácio do livro Contos dos

"Sensações de vazio, fadiga, medo, depressão, fragilidade, bloqueio e
falta de criatividade são sintomas cada vez mais freqüentes entre as
mulheres modernas, assoberbadas com o acúmulo de funções na família e na
vida profissional. Esse problema, no entanto, não é recente, acredita a
psicóloga junguiana Clarissa Pinkola Estés. Ele veio junto com o
desenvolvimento de uma cultura que transformou a mulher numa espécie de
animal doméstico.
Através da interpretação de 19 lendas e histórias antigas, entre elas as
de Barba-Azul, Patinho Feio, Sapatinhos Vermelhos e La Llorona, a
autora identifica o arquétipo da Mulher Selvagem ou a essência da alma
feminina, sua psique instintiva mais profunda. E propõe o resgate desse
passado longínquo, como forma de atingir a verdadeira libertação.
Técnicas da psicologia junguiana e algumas formas de expressão
artísticas ligadas ao corpo podem ajudar na tarefa, mas a compreensão da
natureza dessa mulher selva'gem, com todas as características de uma
loba, é uma prática para ser exercida ao longo de toda a vida."
Como a autora é também analista junguiana, nada melhor que estudar as teorias de Carl Gustav Jung

Ainda dentro do universo da psicologia, apresento o livro do psicólogo judeu Bruno Bettelheim, A Psicanálise dos Contos de Fadas. O autor do livro assim como Clarissa Pinkola Estés também reuniu contos para esmiuçar sua verdadeira essência. Foi discípulo de Freud e um dos especialista que mais estudaram as influências dos contos de fadas. "Para ele a grande diferença entre este tipo de contos e os modernos
é que os primeiros, ao contrário dos segundos, não
remetem apenas para o encantamento, tratando também de problemas
existenciais, algo que permanece inalterável com a passagem do tempo." - Bio.
"Em A psicanálise dos contos de fadas, Bruno Bettelheim faz uma
radiografia das mais famosas histórias para crianças, arrancando-lhes
seu verdadeiro significado. O autor mostra as razões, as motivações
psicológicas, os significados emocionais, a função de divertimento, a
linguagem simbólica do inconsciente que estão subjacentes nos contos
infantis."
Por último, para fechar o segundo post do blog, apresento o título Fadas no Divã, escrito pelo casal psicanalistas e brasileiros Mário Corso e Diana Lichtenstein Corso. Além de Fadas no Divã, os dois tem outros trabalhos feito em parceria como A Psicanálise na Terra do Nunca. Mário Corso também é autor de Monstruário – Inventário de Entidades Imaginárias e de Mitos Brasileiros, Menção Honrosa do Prêmio Jabuti.
Fadas no Divã - Psicanálise nas histórias infantis:
"Escrito por dois psicanalistas, a partir da própria experiência
clínica, pessoal e parental, Fadas no Divã engata o leitor que, como
eles, sente-se pessoalmente implicado, interpretado pelo encontro com
suas velhas histórias. Nesse sentido é um livro que pode evocar
lembranças e suscitar possíveis insights do leitor sobre sua infância.
Ou seja, embora não seja escrito para isso, pode ter como efeito
paralelo uma função de auto-análise. É também uma forma de aprender
psicologia e psicanálise através das histórias infantis.
O livro se pergunta porque as histórias e contos de fadas migraram do
folclore para a infância e qual o seu papel no psiquismo infantil.
Supõe que a razão da sobrevivência destas antigas histórias provém do
fato de que elas ainda possuem função de suporte para a elaboração de
fantasias relativas à vida familiar, ao desenvolvimento das identidades
sexuais e ao amor. Para tanto, interpreta os principais contos de fada
clássicos para saber quais os mecanismos inconscientes que eles ativam.
Defende a idéia que o século XX criou os seus próprios contos de fada
modernos e dedica-se ao estudo de várias dessas histórias, tais como as
de Peter Pan, Pinóquio, do Ursinho Pooh, até chegar em Harry Potter
passando pela Turma da Mônica. Utiliza-se de cartoons com personagens
infantis, dirigidos ao público jovem e adulto, (como Peanuts, Mafalda e
Calvin) para discutir sobre a infância contemporânea e as expectativas
que depositamos nela. Analisa um conto elaborado por Mário durante a
infância de suas filhas, para demonstrar os conteúdos do inconsciente de
um determinado núcleo familiar que se expressam numa experiência
narrativa. Essa parte do livro visa incentivar as famílias a criar suas
próprias histórias, a adulterar ao seu gosto os contos clássicos e
compartilhar um acervo imaginário rico com as crianças. Uma leitura das
fantasias que se animam e aninham nas histórias infantis não pode ser
como uma autópsia, ela deve ser como um portal de acesso, onde cada um
viva sua própria aventura." - Site oficial.
Bom, como o intuito desse blog era mostrar um blog sobre o processo criativo do segundo livro de LAGOENA, achei interessante compartilhar o material de pesquisa que ampliará essa história e contribuirá para uma base estrutural ainda mais rica.
Espero voltar com outras novidades!
Até a próxima!
Laísa Couto
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