"E, tendo nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém."
Mateus 2;1.
Mateus 2;1.
Assim
começa uma longa história, contada e recontada há mais de dois mil anos
e que habita meu imaginário desde que me entendo por gente, desde
quando fui percebendo que aura do mundo muda quando chega os últimos
meses do ano. Não sei explicar isso, alguma coisa se transforma e eu
sinto, depois essa mudança se dispersa, infelizmente. Mas não vou me
focar no futuro, vou falar do agora, do instante que posso respirar
lembranças aconchegantes da infância, lembranças essas que quero sempre
manter comigo, que me fazem ser o que sou, que sustentam meus passos em
busca de uma Estrela no horizonte.
Estamos
próximos de uma data muito especial. Na cultura cristã ela foi
rememorada de todas as formas, ultimamente tem se tornado muito
comercial, no entanto, todo esse apelo ainda não foi capaz de sufocar o
momento em que muita mentes, mesmo sem propósitos religiosos, se
conectam com uma Força Maior, representada pela passagem de Jesus Cristo
aqui na Terra.
O
Natal, época de renovação, renascimento, esperança, fé, magia... cada
um guarda um valor singular para si. Meu modo particular de viver essa
data vem de um compromisso particular comigo mesma, tanto é meu carinho
por ela que fico triste quando percebo a "magia do Natal se dispersar", e
não estou falando de Papai Noel ou presentes. Estou tentando descrever
algo imaterial, uma espécie de sentimento, uma poesia, um surto de luz
que breve se apaga, mas deixa marcas. Tanto é meu apreço por esse Ser
que nos abraça que não pude deixar de registrar em meus escritos.
Quem
leu LAGOENA no site BooKSérie vai entender aonde eu quero chegar. Em
determinado trecho do livro um velho mago fugitivo, Zagut, senta numa
clareira com duas crianças e lhes conta uma história, uma lembrança rara
daquela Terra Secreta. Não vou entrar em detalhes para não dar spoiler,
vou apenas ser observadora daquela conversa, seguir e dar à vocês que
lerem esse texto pequenas pistas.
The Adoration of the Magi, 1894.
Todo
leitor que passou por essa fase do livro percebeu a semelhança com
famosa fábula bíblica do Natal. Claro que anexei essa fábula de
propósito e coloquei minha dose de imaginação nela, foi uma maneira que
encontrei de resgatar a infância. Os três reis magos fazem a figura de
sábios bruxos, que consigo levavam cada um preciosos tesouros.
"E, vendo eles a estrela, alegraram-se muito com grande alegria."
"E,
entrando no casa, acharam o menino com Maria sua mãe, e, prostrando-se,
o adoraram;e, abrindo os seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro,
incenso e mirra."
Mateus 2;10 e 11.
Mateus 2;10 e 11.
Na
tradição cristã esses três presentes representam respectivamente:
nobreza, fé e sacrifício. Na minha imaginação e no mundo de Lagoena eles
tiveram outro significado e outras utilidades. Deixo claro que meu
intuito nunca foi profanar a fé cristã. Escrevo literatura fantástica e
tenho consciência que muitas das histórias contadas na Bíblia vem de
civilizações antigas, do imaginário da humanidade, é um diálogo entre
parábolas. Os profetas perguntavam à Jesus por que ele falava por meio
delas, e ele respondia que seria pelas parábolas que ele seria
entendido naquela época e em outras.
Tomando
emprestado esses símbolos bíblicos, os encaixei no mito de criação do
mundo de Lagoena, que será aprofundado nos próximos livros da série. Os
três magos tem função importante na arquitetura da série e a atitude de
terem se desfeito de suas melhores artes mágicas prometendo servir ao
único herdeiro de Lagoena moldou todo destino de quem um dia, direta ou
indiretamente pertenceu ou foi atraído àquela Terra Secreta.
Então,
vocês devem estarem se perguntando quais seriam esses três tesouros que
esses tais magos deram ao herdeiro de Lagoena? Vale ressaltar que na
Bíblia não há um número exato de reis magos, mas sim de presentes, o que
se interpreta que seriam 3 presentes de três homens sábios. Voltando a
questão anterior, o que seriam os preciosos tesouros dados pelos magos
de Lagoena? Zagut, entre uma baforada e outra do seu cachimbo revela que
o primeiro mago teria dado O Desejo, o segundo ofereceu A Sorte e o
terceiro teria confessado O Segredo. Assim, o pequeno reizinho ficou de
posse desses tesouros durante, muito, muito tempo. Passando de geração a
geração, até que...opa. Não posso ir além. Quem leu o primeiro livro da
série já sabe o destino do Primeiro Tesouro e talvez possam supor o que
teria acontecido com os outros. Quem não leu e quiser matar a
curiosidade, aviso que o primeiro volume do livro sairá impresso pela
Editora Draco em 2014.
Bom,
acho que já deu para passar a mensagem de como o Natal é importante que
animar nossa imaginação e nos fazer encher de fôlego para conseguirmos
atravessar desertos e alcançar a estrela mais distante de nossos sonhos.
Desejo
um Feliz Natal a todos vocês leitores e transeuntes. Que a poesia dessa
data possa estar presente em todos dos dias do ano que virá!
Laísa Couto
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