sábado, 7 de março de 2015

As mulheres de Lagoena



Olá, pessoal,

Amanhã, dia 8 de Março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher, uma data escolhida para lembrar as conquistas e lutas diárias de nós, mulheres. Neste post não irei situar os fatos históricos que ocorreram desde o final do século XIX para que essa data fosse memorável. E também acredito que não precisamos recapitular o passado para sabermos que todo dia é o nosso dia. O que precisamos é acreditar diariamente na nossa poderosa forçar interior, nosso instinto de mulher selvagem.



A mulher selvagem. Quando penso nas personagens femininas que inseri na história de Lagoena – O Portal dos Desejos, acredito fortemente numa história que fala sobre mulheres. Lembro-me quando as ideias para o primeiro livro começaram a surgir e minha mente era povoada por elas: como a pequena Rheita, mostrando delicadeza infantil e a inocência. Dona Adeliz com seu um dever quase maternal para com a menina e detentora do seu segredo. A Senhora dos Presságios, um ser mágico, descobridora sensível do futuro. Descobri mulheres detentoras de suas verdades mais profundas.

Ano passado comecei a ler “As Mulheres que correm os lobos” da psicanalista  junguiana Clarissa Pinkola Estes, é uma leitura que demanda tempo para entender os pormenores e com toda certeza o que já li me fez entender melhor o que é Lagoena e quem sou, como  mulher, como ser humano. Nesse livro Clarrisa faz uma análise de diversos contos de fadas associando o ciclo de vida feminino e ao seu self selvagem. É uma viagem ao interior perdido da mulher. É o reconhecimento da nossa verdadeira natureza selvagem, digo reconhecimento, porque muitas de nós estamos perdidas dentro de nós mesmas, presas dentro de uma carcaça velha que nos foi imposta, sem nos dar o direito da liberdade.

Libertar e confiar em nossos instintos são uma das chaves que precisamos encontrar para ter uma vida plena em nós mesmas, tranquila e consciente da nossa natureza. Rheita procurou suas chaves, no caminho encontrou perigos e incertezas, poderia sucumbir, esmorecer diante das dificuldades, mas seus instintos, Sensum, um dos três significados do S, não estavam adormecidos
.
Por vezes comparo a aventura de Rheita com o conto do Barba Azul, um homem horrível de barba azul que esposou uma jovem. Numa das viagens de seu marido a jovem teve permissão para adentrar todos os recintos da casa, menos um, cuja chave era pequenina e delicada. Mas, certo dia, quando recebeu a visita das irmãs, a curiosidade impulsionada por elas fora tamanha que a jovem esposa acabou atendendo ao desejo. E descobriu no recinto os corpos mortos das ex-esposas desaparecidas do marido. O choque a fez percebe do perigo que corria. Barba Azul assim que voltou de viajem acabou descobrindo que a esposa o desobedecera e a teria matado se ela não tivesse corrido e gritado por socorro.  Seus irmãos a escutaram e mataram Barba Azul.

Agora vocês devem estar se perguntando o que esse conto tem a ver com a saga de Rheita. Para quem já leu ou ainda irá ler Lagoena – O Portal dos Desejos podem fazer claramente essa associação. Se Rheita tivesse obedecido ao avô, se ela nunca tivesse encontrado a chave para o quarto proibido da falecida mãe e adentrado o recinto, ela não teria vivido uma grande aventura, nem teria abraçado a jornada que era conhecer a si mesma na misteriosa Terra Secreta de Aura, conhecida como Lagoena.

Em Lagoena – O Portal dos Desejos, temos uma protagonista que passeia por todas as fases da mulher, desde a vida uterina até a morte. Clarisse Pinkola Estés explica que nos contos de fadas a morte não significa o fim, mas o recomeço, a transformação.  Rheita me deu a oportunidade de experimentar um ciclo complexo e completo. O que fiz foi exteriorizar uma percepção inconsciente, que podemos chamar de inconsciente coletivo. Nada disso foi proposital, eu não tinha consciência sobre o valor das peças do grande quebra-cabeça que eu juntava, apenas segui minha intuição. Mais tarde descobri que eu estava brincando com arquétipos.

O começo do começo, a centelha de vida, um grão plantado na terra, um desses vislumbres acontece quando o leitor conhece a rainha Fênola, esposa de Amaz VIII, gestante do seu primeiro filho. Na mesma cena o leitor conhece sua cunhada, a princesa Azarckel, ela carrega toda florescência da juventude, delicada como um botão que desabrocha. Enquanto uma é mulher em sua plenitude, a outra está fazendo o caminho para ser. A aparição de Azarckel é breve, mas muito importante para a história de Lagoena.

O orgulho e a vaidade exacerbados na juventude também podem cegar o self selvagem da mulher, a Prisioneira do Lago, nos mostra um self desequilibrado, uma falha na alma. Rheita o percebe, e acaba de certa forma manipulando essa fraqueza, tirando proveito para si. Por outro lado, a juventude pode ser solidária. Rheita encontrou essa qualidade na fada Élefha, um ser puro que emana luz num dos lugares mais assombrados e perigosos de Lagoena, a Floresta Escura. Foi um grande auxílio num dos momentos finais de sua jornada.

No meio do caminho, ela também encontrou a gravidade do tempo, um espírito em forma humana, vestia-se como um longo manto branco e seus cabelos grisalhos quase tocavam o chão, seus filhos a chamam de Mãe Branca. Tinha no seu mundo interior toda a sabedoria que sua caminhada havia permitido adquirir e o que ela dava aos seus era somente seu sincero amor complacente.

Falei da morte lá no começo do post. Será que ela deveria encerrá-lo? Sim, Rheita acaba conhecendo a Morte de perto, mas assim como ela não significa o fim, acredito que também não tenha sexo. É um ser ambíguo e antigo, mas não tão antigo e profundo como Aura, a deusa que criou Lagoena com suas lágrimas e descansa no fundo do Mar Imenso.

Esta sim, a Deusa Mãe, carrega todas as mulheres dentro de si. E do Nada doa a verdadeira vida enquanto sonha.



 ***
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Espero que tenham gostado do post!
Desejos a todas nós, mulheres, um feliz dia 8 de Março!
Até a próxima.

Laísa Couto

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