sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Bienal do Livro - Eu fui!



 Tentei sorrir, mas não deu.


Eu nunca havia presenciado um evento de literatura tão grande quanto uma Bienal do Livro. E cá entre nós, achei que demoraria mais um pouco para que eu participasse de uma, com um livro publicado. A chance apareceu de repente, quando a Editora Draco anunciou que este ano participaria da Bienal do Livro no Rio de Janeiro. Logo, uma colega, Kássia Monteiro, também autora, me convidou para dividir um quarto perto do Riocentro, aceitei sem ainda ter certeza se iria ou não.

Confesso que estava receosa até o último segundo, tive muitas complicações pessoais que antecederam a viagem, mas que no final, não impediu que eu seguisse em frente. Mesmo assim, minha mente continuava recheada de dúvidas sobre o que encontraria lá, do outro lado, no mundo real onde as redes sociais não seria um filtro, eu veria tudo com meus próprios olhos e tiraria minhas próprias conclusões.

Mas antes de chegar no final, vamos começar pelo começo. Fui muito bem recebida por um colega daqui, Rafael Trinta, que se mudou para o Rio no final do ano passado. Ele é responsável pelo blog Escolhendo Livros, para o qual escrevo vez por outra (aliás, estou devendo um texto, lembrei agora). No dia da minha chegada, demos uma volta, visitamos o Museu da República, lá havia uma pequena livraria, daquela acolhedora, que serve para uma passada rápida, para verificar os títulos. 

 Cantinho da leitura.

Não lembro o nome da livraria...rs

O Museu da República, antiga sede do governo, tem um belo jardim com palmeiras imperiais, orquídeas, aves e outras espécies de plantas. Percebi que a arquitetura do Rio de Janeiro tem mania de grandeza, tudo é grande, numa proporção agigantada. O interior do museu é rico em detalhes, cada sala tem uma temática diferente, com motivos florais, representações de deuses e anjos.

Vista para o jardim.
Outra vista.

Detalhe do interior.
Detalhe do teto.

Mesa com documentos de Getúlio Vargas. Foi nessa sala que ele se matou. =S


Um dos momentos mais memoráveis do passeio, foi quando passamos a tarde na Livraria Cultura da Lapa, não sei bem o bairro, está mais pra Cinelândia. Lá encontrei Lagoena - O Portal dos Desejos pela primeira vez na estante de uma livraria. Procurei pelos livros de lombada azul sem muita expectativa, até me dar de cara com ele. Quase não acreditei. Foi estranho e especial. Tanto que resolvi deixar um recadinho dentro de um dos livros para o futuro leitor, celebrando o momento. 

Lagoena - O Portal dos Desejos na Cultura. =)


Recadinho para o leitor.

E no final teve pudim. :3

No dia seguinte visitamos a Livraria Travessa no bairro Botafogo, tinha Dragões da Editora Draco em destaque na estante! Depois almoçamos num shopping e fomos em outra livraria, a Saraiva. Meu colega acabou perguntando se havia Lagoena por lá, e para nossa surpresa, disseram que o livro estava ESGOTADO. O.o 

Cadê os leitores, gente?
Devem ter se perdido em Lagoena para sempre.

Mea culpa...

Dragões na Travessa.

Acabei descobrindo que havia uma recém-inaugurada CasaCor lá no bairro da Glória, onde fiquei nos 2 primeiros dias no Rio. Tive de dar um pulo lá, claro ou com certeza?

Lá tinha uma...

...uma escada em espiral.
(Imaginei Rheita descendo por ela)

Uma lua no chão...
Não é toda vez que encontramos uma nessa fase.

E uma escada com livros...
 ...muitos livros.

Os passeios durante os 2 primeiros dias ajudaram a distrair minha mente, espantar uma ansiedade misturada com medo do que viria a seguir. Meu primeiro dia na bienal, uma sexta, foi bem tranquilo. Me apresentei ao editor, Erick Santos, pessoalmente, fui bem recebida por ele e por sua mãe, Dona Izilda (ou Isilda?).  Este é o primeiro ano da Draco numa Bienal do Livro e nos momentos que eu estive por lá, vi leitores se aproximando e adquirindo livros 100% nacionais, com qualidade de edição sem deixar a desejar e fazendo jus a qualquer grande editora. Com certeza, tem sido uma boa estreia para a Draco. É preciso dar as caras. Fazer com que mais leitores conheçam esse trabalho. 

Nas minhas andanças, acabei encontrando com o pessoal do Clube do Livro que também foi para a Bienal. Eles se reuniram a um grupo de blogueiros na manhã de sexta, acabei ficando na companhia deles. Alguns autores também participaram, apresentando seus livros. E já que eu estava com um exemplar na mochila, resolvi mostrar o meu também. Fiquei contente em saber que alguns já conheciam Lagoena. Então, não era uma desconhecida no paraíso.

Não é nada fácil ter um livro publicado nesse mundo cheio de outras vozes impressas no papel. Lá, imaginei quantas mentes estavam condensadas em livros esperando pelos leitores, por aqueles que escolheriam levar um determinado livro e não outro para sua estante. Somos apenas um grão de areia ou mais um amontoado de palavras esperando para serem despertas? Vi centenas de pessoas se imprensarem nos estandes, pelos corredores, sentadas no chão disputando espaço para descanso. Fazendo filas para sessões de autógrafos. Por um momento, nas redes sociais, pensamos que apenas um autor monopoliza aquele grande público. Mas não, existe leitor para tudo e para todos.

 Fila para entrar na bienal, dia 7, feriado.
Vi muitos jovens, crianças, os adultos por lá, mas não eram a maioria, os mais velhos, muito menos. Nos jovens ficou minha esperança de que um dia seremos um país de leitores. Pode até demorar, mas vamos conseguir nossa liberdade. Fiquei contente em ver alunos de escolas públicas com pelo menos um livro na mão, comprado com o desconto que a Bienal em parceria com a prefeitura concedeu. Que fique de exemplo para outras feiras de livros pelo Brasil. Aqui, em São Luís, vi alunos da rede pública entediados, aborrecidos na feira do livro, pois não existe o estímulo diário para a leitura presente nessas escolas. Nosso sistema educacional, que antes era modelo, faliu. E não há previsão de melhoria, infelizmente.

Nesse momento de Bienal, também refleti bastante sobre minha relação com literatura e o que espero dela. Não espero um grande reconhecimento sobre o que escrevo. Claro, sou muito grata pela chance que tive e pelos leitores que tiveram contato com minhas palavras, que retribuíram  e retribuem de alguma forma. Percebi que um autor pode ter um ou milhares de leitores, mas se o que ele tem a dizer não for realmente relevante, sua mensagem logo será esquecida e será substituída por outras. O meu desejo é dizer algo que valha ser dito, e muitas vezes percebo que o silêncio é a respiração de uma frase para a outra que move a mensagem para frente, num fluxo constante. Me imagino entre essas frases, estou nesse momento de silêncio e vou respeitar isso. Não estou dizendo que vou parar de escrever, longe disso, só vou deixar as coisas correrem naturalmente, sem pressa, no momento certo. Se me perguntarem agora quando sairá o próximo livro, a resposta será: não sei. Mas deixarei pegadas na areia, frações de poesia aqui e acolá para quem desejar ouvir.

Bem, vou me despedindo. E aviso que a Bienal do Livro no Rio de Janeiro ainda não acabou! Vocês podem encontrar Lagoena - O Portal dos Desejos outros livros legais por lá, com preços convidativos no estande da Editora Draco, Pavilhão Verde, ao lado do Cubo Voxes. ;)

Lagoena - O Portal dos Desejos no estande da Editora Draco
na Bienal do Livro - Rio de Janeiro.

Até a próxima,

Laísa Couto



2 comentários:

  1. Que experiência maravilhosa que você teve, só lendo me senti como se estivesse lá também! Sabia todo momento que seria bem recebida, você e Lagoena. Sucesso amiga <3

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  2. Foi muito bom te rever, Laisa. Espero que tenha sido uma boa experiência para você! :)

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